sexta-feira, fevereiro 17

A formação do ponto de vista: análise e discussão de canção e poemas

O RODO COTIDIANO (MY BROTHER)

O Rappa

Ooooo my brother (4x)


A ideia lá corria solta
Subia a manga amarrotada social
No calor alumínio nem caneta nem papel
E uma ideia fugia
Era o rodo cotidiano
Era o rodo cotidiano
Espaço é curto quase um curral
Na mochila amassada uma quentinha abafada
Meu troco é pouco, é quase nada
Meu troco é pouco, é quase nada

Ooooo my brother (4x)

Não se anda por onde gosta
Mas por aqui não tem jeito
Todo mundo se encosta
Ela some ela no ralo de gente
Ela é linda mas não tem nome
É comum e é normal
Sou mais um no Brasil da central
Da minhoca de metal que corta as ruas
Da minhoca de metal
Como um Concorde apressado
Cheio de força, voa, voa mais pesado que o ar
E o avião, o avião, o avião do trabalhador.



O BICHO (MANUEL BANDEIRA)

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.



FERRO (CUTI, Batuque de tocaia, 1982)

Primeiro o ferro marca

a violência nas costas

Depois o ferro alisa

a vergonha nos cabelos

Na verdade o que se precisa

é jogar o ferro fora

é quebrar todos os elos

dessa corrente

de desesperos


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